quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A ARTE DA INTERPRETAÇÃO DO HORÓSCOPO







ALEXEY DODSWORTH

ASTROLOGIA HORÁRIA
(6 Dez das 10 às 12 hs)

A Astrologia horária, dentre todas as vertentes do vasto campo do saber astrológico, é provavelmente a mais clara demonstração de quanto um conhecimento pode ser simples em suas regras. Tal simplicidade, longe de ser um demérito, constitui a vantagem da Astrologia horária, além de ser a justificativa de sua notável eficácia. Que não se compreenda, entretanto, sua simplicidade com leviana facilidade. O estudo de cartas horárias demanda uma atenção redobrada, pois por um detalhe podemos perder elementos importantes que deveriam ter sido considerados. E as regras envolvidas são muitas, exigindo do estudioso mais atenção e muito estudo.
(...)
Particularmente, valho-me da Astrologia horária (e de outros oráculos) apenas quando compreendo que não poderei obter a resposta devida por vias outras. A minha recomendação expressa é: oráculos não são uma necessidade, são um instrumento possível. E quanto mais o consulente mantiver em mente uma postura respeitosa não apenas em relação aos oráculos, como sobretudo em relação a si mesmo, tanto mais eficientes serão os oráculos para ele.



ANTONIO CARLOS HARRES BOLA

SABER OS CÉUS


(5 Dez, das 20 às 22hs.)

Este termo foi criado por Amâncio Friaça e me parece que é o que melhor reflete o que vou tentar sinteticamente tratar aqui. Saber tem a mesma origem da palavra sabor: algo que só se atinge por experiência própria, pelo contato direto, pela vivência diária, pela comunhão onde não há distinção entre observador e observado, sujeito e objeto. Em suma, onde impera uma visão não-dualista, onde ciência e com-ciência andam juntas e, muito antes de qualquer física quântica, sabe que toda a interpretação está sujeita à interferência do intérprete através de seus sistemas de crenças, baseados em sua forma particular de perceber o mundo – a começar pelo próprio mapa astral sob o qual respirou nele a primeira vez –, segundo suas origens genéticas, étnicas, o momento histórico, a cultura e a educação formal e religiosa que tenha recebido.


EDIL CARVALHO

A ASTROCARACTEROLOGIA E A COSMOVISÃO HUMANA
(6 Dez, das 14 às 16hs.)

O mapa astrológico pode ser considerado como um sistema que abarca e cataloga as experiências mais importantes e radicais de que se constitui a vida humana, sobretudo se considerarmos as experiências representadas pelas doze Casas Astrológicas, tais como amor, família, trabalho, morte etc. (...)
A Astrocaracterologia, concebida pelo filósofo Olavo de Carvalho em 1989, leva adiante tal investigação, associando tais observações antigas àquilo que de mais consistente a psicologia moderna produziu sobre o mesmo assunto, construindo assim uma teoria astrológica de fundamento cognitivo.



GREGÓRIO J. PEREIRA DE QUEIROZ

AS QUALIDADES PRIMITIVAS NA INTERPRETAÇÃO
(6 Dez, das 16:30 às 18:30hs.)

Quem estudou Astrologia sabe que existem as Qualidades Primitivas, as dinâmicas Quente, Úmido, Frio e Seco, que formam elementos, signos e planetas. Em algum momento, o estudante de Astrologia vem a conhecer estas Qualidades e aprende que elas estão na base da construção de signos e planetas. Mas não se encontra informação a respeito do uso efetivo das Qualidades Primitivas na interpretação da carta astrológica. (...)
Este texto pretende mostrar como trabalhar a interpretação da carta com as Qualidades Primitivas, preservando sua presença na análise de signos e planetas, interpretando a relação entre eles, e sua posição nas Casas, de acordo com a configuração que nos é dada por essas qualidades.



MAURICIO BERNIS

PROGRESSÕES SECUNDÁRIAS E TRANSITOS PLANETÁRIOS
(7 Dez, das 10 às 12hs.)

(...) Sendo assim, só existe uma maneira de se ampliar o livre-arbítrio: ampliando-se o espectro de percepção do ser humano, de tal forma que ele possua uma gama maior de elementos para decidir seus passos e opções. E isto somente se obtém através de um maior auto-conhecimento e, obviamente, através da utilização das funções subconscientes.
A Astrologia e suas técnicas previsionais se apresentam como uma via opcional de iluminação, uma vez que elas apontarão caminhos, tendências, estímulos e oportunidades.


OSCAR QUIROGA

SEGREDOS DA INTERPRETAÇÃO
(7 Dez, das 14 às 16hs)

Primeiro segredo: A Proposta.
Considerando que a intervenção de um profissional de Astrologia tenha por objetivo a orientação, parece-me que o grande segredo da interpretação consista em se ter em mente um objetivo claro a respeito da informação que se ofereça a um consulente. Ou seja, há de se ter uma imagem mental do que seria a Ordem que permeia o Universo, pois, a Astrologia deve todo seu sentido e significado ao fato de o Universo não ser construído ao acaso, mas seguindo as linhas dispostas de forma inteligente e intencional pelo que pareceria ser uma Inteligência Superior.



VALDENIR BENEDETTI

DOMÍNIOS E FUNÇOES TERRESTRES DOS PLANETAS
(7 Dez, das 16:30 às 18:30 hs)

OS DOMÍNIOS
Domínios são territórios, espaços a ser explorados, cenários onde projetamos nossos desejos, nossas sombras, nossa luz. É onde experimentamos a vida e reconhecemos as referências do ambiente, das relações. São as funções do ser objetivamente sendo expressas e atuadas na esfera física e em espaços perceptivos e existenciais em todos os planos que podem ser experimentados.

AS FUNÇOES TERRESTRES
Regência, exaltação, exílio e queda são tradicionais designações para as posições dos planetas em signos com os quais tenha algum tipo de identificação analógica, por sua presença ou por sua ausência, complementando dentro de uma linguagem simbólica e completamente sintética os significados dos signos, e funcionando inclusive como referenciais funcionais desses mesmos signos.



Inscrições para o ciclo de palestras:


REGULUS ASTROLOGIARua Estela, 515 • Bloco E • Conj.71 • (11) 5549 2655 http://www.regulus.com.br/

ASTROBRASILRua Estela, 515 • Bloco F • Conj. 102 • (11) 5083 0260 http://www.astrobrasil.com.br/

com Valdenir Benedetti, mediante depósito bancário (informe o depósito por email e traga o comprovante no dia do evento)

Banco Itaú : agência 0553 : conta corrente 45412-5

Valor:Até 30 de novembro: R$ 180,00 (para sócios da CNA: R$ 150,00)

A partir de 1º de dezembro: R$ 210,00 (para sócios da CNA: R$ 180,00)


Organização: Valdenir Benedetti (valbenedetti@gmail.com)




LOCAL: AUDITÓRIO SÃO VICENTE DE PAULO

Rua Albuquerque Lins, 844 - Higienópolis - SP

domingo, 9 de novembro de 2008

GURDJIEFF




“Se um homem pudesse entender todo o horror da vida das pessoas comuns, que estão dando voltas num círculo de interesses insignificantes e insignificantes objetivos, se pudesse entender o que é que elas estão perdendo, compreenderia que só pode haver uma coisa importante para ele – escapar da lei geral, ser livre. O que pode ser importante para um homem que está na prisão e foi condenado à morte? Somente uma coisa: Como salvar-se, como escapar: nada mais é importante."
G. I. Gurdjieff

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

ESTAR PRESENTE

Estar Presente


Tenho observado a dificuldade constante que algumas pessoas têm para "estar aqui", estar presente. Tenho constatado principalmente em mim essa dificuldade.
Creio que essa foi um dos maiores obstáculos em minha historia para que eu me conectasse com meu próprio crescimento.
Estou reconhecendo que quase sempre estive ausente, sempre estive em outro lugar qualquer, menos onde eu realmente estava. A mente divagando, indo para o futuro, mergulhando no passado, buscando referências lógicas, emocionais, surreais às vezes, qualquer coisa para que eu me ausentasse do momento a ser vivido, do lugar a ser de fato ocupado.
Esse estado de "ausência" tornou-se um modo de vida, transformou-se na única realidade possível. O Eu ausente transformou-se, com o tempo, na única coisa a ser reconhecida como o verdadeiro Eu.
Aprender sobre essa ausência foi e continua sendo uma tarefa áspera. Perceber o quanto sou incapaz de me sintonizar com o presente, com o momento vivido; o quanto é difícil ouvir os sons e vozes do lugar em que estamos; como é complicado se relacionar com o "outro" sem me abstrair com meus próprios pensamentos, sem me deslumbrar com os sentimentos que transbordam. Perceber que estar presente é muito difícil porque depende sempre de ter consciência do "outro", reconhecer no "outro" tudo que existe em mim e que tantas vezes não quero ver, por isso a mente escorrega para labirintos lógicos ou para recantos obscuros que não tem talvez o menor vínculo com o que está acontecendo no presente.
Todo esse processo de desviar o foco de atenção para algum lugar que não seja "aqui" é necessário para alimentar a ilusão que foi construída ao longo do tempo a respeito de si próprio. Se eu me focalizar na realidade mesma do que está acontecendo, terei que reconhecer que talvez Eu não seja exatamente o que penso ser, o que espero ser. Perceber que talvez nós sejamos outra coisa diferente de tudo que aprendemos, tudo que construímos dentro de nós mesmos é muito forte, representa às vezes um processo de perder a identidade.
Acontece que essa "identidade" é, --em função da falta de conexão com a realidade--, totalmente falsa, artificial, construída com fragmentos de idéias que nem sempre nos pertencem, elaborada com dogmas, conceitos, verdades que talvez pertençam a outra realidade, a outras pessoas, e que não afinam com nosso coração, com nossa essência.
Perder a identidade, aquela, pode ser o caminho para encontrar a identidade.
O processo de estar presente se torna cada dia mais doloroso na medida em que temos que tirar a roupa, tirar as vestes todas, ficarmos definitivamente nus das ilusões que nos acobertavam e aqueciam. Olhar-se no espelho do "outro" totalmente nu de preconceitos, justificativas e julgamentos é descobrir a própria identidade, é descobrir quem realmente somos, quem sou Eu.
Essa caminhada nada suave traz uma recompensa. Traz a consciência de si mesmo, traz a pessoa verdadeira à tona, traz a verdade para a superfície, nos transforma em pessoas de verdade, que é o primeiro passo para a evolução, provavelmente o princípio de um conhecimento maior, de uma conexão com a realidade divina.
Enquanto eu for um personagem forjado pela necessidade de dar significado à minha existência dentro de um contexto ilusório, não posso de fato progredir. Estarei circulando em torno de mim mesmo, em torno de minhas idéias e das idéias que me foram destiladas pela vida, estarei voando aleatoriamente como mariposa em volta da luz, sem jamais poder ter um contato real com a Luz.
Despir-se do personagem que criamos não significa abrir mão das defesas básicas, do instinto de sobrevivência; não significa também tornar-se anti-social ou alienado. O que acontece é que, na medida em que vamos nos desnudando de nossa história e nossos disfarces e caminhando ao encontro de nossa essência, começamos a nos relacionar com o que é mais essencial no "outro", estabelecemos uma relação mais verdadeira com o mundo que nos cerca, entramos em contato com a natureza real das coisas, nos tornamos pessoas reais.

Contam os árabes que Alah certo dia resolveu mudar todas as águas do mundo, e aquele que bebesse da nova água se esqueceria de sua porção divina, se esqueceria que era a manifestação de Deus, o próprio Deus. Um único homem prestou atenção às palavras do profeta que revelou a intenção de Alah, e foi até a fonte e encheu muitos barris de água, que escondeu em uma caverna que só ele conhecia. Veio um imenso diluvio que inundou toda a terra e lavou a água que existia, todas as águas foram trocadas e, cada um que bebia da nova água imediatamente se esquecia que era parte de Deus, se esquecia que era uma criatura divina porque era filho da Divindade. O homem que ouviu o profeta não bebeu da nova água, ia todos os dias a seu esconderijo e bebia da velha água, aquela que não fazia esquecer, e ele era o único que sabia a verdade, o único que não havia esquecido quem ele era na verdade.
Depois de muito tempo, o homem que lembrava começou a se incomodar com a solidão, com o isolamento ao qual era submetido por todos os outros, que não o compreendiam, não sabiam o que ou quem ele era na verdade. A pressão da solidão foi muito grande, a vontade de se relacionar, de trocar com as pessoas começou a imperar e o homem acabou bebendo da nova água. Imediatamente se esqueceu de quem ele era e se tornou igual a todos os outros e nesse dia houve uma grande festa para comemorar a milagrosa cura do louco, que retornou de sua loucura para o convívio dos homens de bem...


A questão é essa, bebermos da água que nos faz lembrar quem somos na verdade, aceitarmos quem somos, sermos nós mesmos em conexão com a natureza, em sintonia com as leis do universo, pode representar um movimento em direção à solidão e isolamento por parte de pessoas que nós amamos. Nos tornarmos nós mesmos pode representar sermos alvo de um julgamento duro e ácido de que nos alienamos ou estamos com algum desequilíbrio, pois a referencia de todos será sempre o mundo ilusório dos personagens que cada um criou para sobreviver. Talvez por isso seja tão difícil optarmos por beber a velha água e nos lembrarmos de nossa conexão com Deus.
Aquele que se despe de seus disfarces, que deleta o personagem conveniente, fica presente, se relaciona com o momento, com o agora, com o instante que está vivendo, e ai então percebe que não está só, que tem muitas pessoas fazendo isso, tem gente se despindo dos julgamentos e do medo de ser julgado e se posicionando no mundo, ficando presente.
Não estamos sós. Aqueles de nós que estão atendendo o apelo do Eu verdadeiro e se transformando e se libertando encontram pelo caminho muitas pessoas que estão vivendo o mesmo processo, que também estão se desnudando da ilusão e procurando serem verdadeiras. Cada dia mais pessoas estão compreendendo que é necessário quebrar as regras que nos prendem a um mundo ilusório que nos aliena de nós mesmos, que nos transforma em personagens e caricaturas de pessoas. A cada instante tem gente rompendo com acordos sociais, compostos de infinitas clausulas de certo e errado, e que foram celebrados sem nossa presença e sem nossa concordância, e que por isso não temos que obedece-los.
Dizem os xamãs e videntes Toltecas que no mundo material o semelhante repele o semelhante, como os pólos de um imã. Os opostos se atraem nesse universo. No plano transcendente, onde circulam forças espirituais, onde apenas a Luz e a verdade prevalecem, o semelhante atrai o semelhante e por isso, aqueles que se libertam da necessidade de ser aceito de acordo com as regras dos outros, aqueles que se conectam consigo mesmos e com a Realidade, se sentem atraídos e se ligam e se unem com os que estão fazendo a mesma caminhada em direção à Luz.
Por isso não é preciso sofrer de solidão, não é preciso se apegar à formulas e comportamentos que nos dêem a ilusão de aceitação, não é necessário ter medo de estarmos separados do mundo, pois o mundo real está se apresentando para os que experimentaram o desapego, os que venceram o medo e ousaram ser eles mesmos.
Felizmente não estamos sós.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A GRANDE DAMA


Um amigo me apresentou a idéia de que para ele a astrologia se parecia com uma senhora assim meio gorda, meio decadente, com verruga no nariz e um tanto esculhambada. Essa era sua visão pessoal para a Grande Dama.
Estávamos conversando sobre amar ou não a astrologia, dai surgiu essa idéia. Dá para amar essa tal senhora?
Creio que ele a viu de verdade, como ela é, como ela pode ser. Ou como a veríamos se a encontrássemos em um descaminho qualquer da vida.
Ela é assim mesmo, eu creio.
Meio aquelas xamãs que o Castañeda teve que se confrontar em seu aprendizado com D. Juan. Tinha até uma que convoca essa imagem, "La Gorda", uma feiticeira perigosa e poderosa que poderia matar quem não fosse um homem de conhecimento, um homem de poder.
Creio que a astrologia é assim mesmo, como La Gorda, uma feiticeira de muitos poderes, uma encantadora que domina os mistérios, que cozinha as forças da natureza em seu fogão de energia solar e lenha fumarenta.
Seios grandes e caídos sobre o peito, seios de quem amamentou muitas crias, pele morena e esticada, com algumas rugas que parecem caminhos para o infinito, e cabelos antigos, muito antigos.
Ela pode ser encontrada na madrugada em um buteco na Lapa, comendo torresmo e ovos coloridos, bebendo cerveja com prostitutas decadentes, migrantes sertanejos, estivadores e madames satã reencarnadas, viados, traficantes e algum burguês perdido, querendo parecer exótico.
Ela pode ser encontrada entre as senhoras que recolhem roupas para campanhas de inverno. Pode estar às vezes cantando hinos em uma rodinha de evangélicos na praça de alguma cidade. Pode ser aquela mulher sem rosto, suada, carregando uma imunda sacola de compras e indo em direção a lugar nenhum.
Ela pode parecer uma jovem tesuda de cabelos encaracolados, daqueles que parecem estar sempre molhados, daquelas que parecem sempre estar saindo do banho, fresca e viçosa, e que provoca o olhar ávido dos homens, o olhar blazê que disfarça a inveja de algumas mulheres. Pode parecer uma executiva elegante a caminho de uma reunião de deuses do dinheiro em lugar nenhum. Pode parecer até mesmo uma criança pedindo para ser embalada, como já disse outro enamorado dessa dama. Pode parecer o que quiser, porque a grande Dama é a expressão do encanto, e será aquilo que conseguirmos enxergar, aquilo que precisarmos enxergar, aquilo que merecermos enxergar.
Ela não é necessariamente bonita, mas é fascinante, emana um poder, um tipo de luz. Provoca o a sensação de que ela tem o poder de nos abrigar, nos acolher, mas pode também nos sufocar, enlouquecer, matar mesmo se assim lhe convier.
Mas quase nunca vemos seu rosto, ela parece estar sempre olhando para outro lado, e muito raramente mesmo, encontramos seu olhar, pois ai é que parece estar o centro de seu poder, o centro do universo, o vértice de toda energia, um turbilhão de forças caóticas de onde tudo que existe se origina.
Nossa tacanha expectativa ousa imaginar esse olhar, acredita poder imaginar os olhos e o olhar da velha dama.
Esperamos que seja baço, pela aparência daquele corpo gordo ou etéreo, esperamos que seja um olhar cinzento e opaco, nublado por incontáveis cervejas e baseados, tragados atrás de paredes encardidas. Pensamos que pode ser como o olhar dos insones, dos bêbados ou das crianças recém nascidas, ainda encobertas com a névoa que trazem da travessia que fizeram antes de chegar aqui.
E pode não ser nada disso. É o seu mistério.
Encarar esses olhos, mergulhar nesse olhar, pode ser uma surpresa definitiva.
Seu olhar é um abismo, tem o brilho de uma estrela, tem a cor do infinito, nos atira em um vortex magnético, nos atrai para um turbilhão de quantuns enlouquecidos, faz a gente entender o que é o buraco negro, supernova, galáxias e infinito.
Se encontrarmos esse olhar absurdo em um descuidado gesto de nossa busca, em um lapso do tempo e do movimento de nossas vidas, como quando percebemos sombras luminosas passando voláteis ao nosso lado, e ao virarmos a cabeça só encontramos a paisagem, nesse momento raro e infinito, certamente pasmos e provávelmente assustados, veremos que a velha dama, a gorda de peitos enormes e densos, tem os olhos da pessoa amada, aquela que se foi para a terra do nunca, ou que nunca chegou a acontecer além de nossos mais secretos sonhos.
Reconhecemos, quando temos a oportunidade de encontrá-la em algum recanto selvagem e belo da natureza, em algum muquifo sórdido habitado por almas perdidas, o fato de que a grande dama, a senhora Astrologia, parideira de ânimas, arquétipos, deuses, reconhecemos enfim que essa grande senhora é a fonte por onde brota a água mais sagrada, a água do amor e do conhecimento.
Ninguém pode simplesmente amá-la, pois se ela é a fonte dessa energia, do próprio amor, seria o paradoxo. Ela é a fonte ou talvez o canal, não sei bem.
Cada vez que olho um circulo, olho para Venus majestosa no céu, olho para a Lua clareando caminhos, aqueço meus ossos ao Sol da tarde, sinto a presença dessa dama, sinto seu cheiro, seu suor, sua energia envolvente.
Cada vez que ouço uma musica e percebo o ritmo que existe, cada vez que sinto e lembro a existência de meu coração batendo no peito, cada vez que percebo a dança das energias entre as pessoas, se amando, se odiando, reconheço a velha senhora caminhando com seus passos suaves entre todas as coisas, entre os seres, ocupando cada silêncio entre as notas da melodia, o suspiro dos amantes, as batidas do tambor.
Ela está aqui, está em todo lugar, porque ela é infinita como o infinito, porque ela é a portadora da Lei, das tabuas da grande Lei, e ai reside seu poder.
E como disse outro alguém, ela é tão antiga que não mais menstrua, não conhece regras, superou todas as regras, a não ser as do amor e da natureza, que tem ritmo e melodia que não se pode chamar exatamente de regras.
Creio que não podemos amá-la ou desejá-la simplesmente, porque é dela que emana a energia criadora que faz com que existam todas as coisas. Mas podemos ser seus amantes, e ela nos acolherá a todos, e a todos irá alimentar com seu leite, com sua verdade, com sua luz.
VaL

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

PESQUISA E ESTATÍSTICA

PESQUISAR O QUE MESMO?



Estou publicando abaixo um e-mail escrito pelo Professor Rodrigo Araês, astrólogo notável que aqui se apresenta mais como professor e cientista do que própriamente como Astrólogo.
O email foi publicado em uma lista regional da CNA, onde aconteciam debates a respeito a necessidade ou não de se fazer "pesquisas" em Astrologia.
Considerei as colocações do Rodrigo brilhantes, coerentes e dignas da consideração de todos que pretendem fazer ou acreditam na necessidade de pesquisas estatísticas dentro da prática astrológica.
Recomendo veementemente a leitura por todos. Tem a expontaneidade e naturalidade própria de um texto escrito em lista de debates, portanto, não é um estudo científico formal, se bem que tem conteúdo digno do maior respeito, além de ser imensamente esclarecedor.
Grato.



USO DA ESTATÍSTICA EM ASTROLOGIA

Por: RODRIGO ARAÊS




Em março deste ano resolvi, por interesse profissional (sou professor da disciplina “Probabilidade, Estatística e Processos Estocásticos”), assistir uma aula de Estatística do Prof. Dr. Júlio César Rodrigues Pereira no curso de Pós-graduação em Cardiologia do IDPC- Inst. Dante Pazzanese de Cardiologia. Aula muito interessante, clara e objetiva. Dr. Júlio nos contou a seguinte história:
“- Fui procurado por um médico da Santa Casa que iria defender tese de Doutorado em Medicina. O motivo de sua procura foi que, por insistência do orientador, ele deveria dar um tratamento estatístico aos seus dados para torná-los mais científicos. Perguntei qual era a casuística, tempo de pesquisa e que a que conclusões ele já tinha chegado. Disse que pesquisava o assunto há mais de dez anos, tinha centenas de casos e com tratamentos bem sucedidos, pois aliava a pesquisa à prática médica. Era conhecido, no Brasil, como um dos maiores especialistas no assunto. Perguntei a ele, em seguida: Doutor, e se a estatística mostrar que o senhor está errado? Sua resposta foi clara. Doutor Júlio (os médicos e advogados sempre se tratam de doutor), isso é impossível, e mesmo que fosse possível nada neste mundo irá mudar o que penso depois de tantos anos de pesquisa e resultados positivos na área. Respondi: Doutor, não perca seu tempo com estatística (e acho que nem o dele), neste caso ela não vai provar nada. Confie mais no seu trabalho e diga ao seu orientador que o que ele está querendo é uma perda de tempo.”
Toda a platéia riu. Dr. Júlio completou: não queiram tirar da estatística o que ela não pode dar. Quando o assunto está vinculado a seres humanos é necessário tomar muito cuidado. Muita coisa que vejo em trabalhos médico não tem sentido.
No meu primeiro dia de aula deste ano lancei uma moeda para cima e perguntei aos meus alunos qual era a probabilidade de dar cara ou coroa. Os que responderam falaram que era de 50%. Retruquei: Como é que vocês sabem? Temos quatro formas básicas de encarar as probabilidades, teoria que é base da estatística: 1. O método clássico (foi o fundamento da resposta deles, baseados em Pascal, Fermat, Laplace e outros). 2. O método frequencialista (von Mises). Jogo a moeda infinitas vezes e vejo a convergência. 3. Método intuitivo, método do “achismo”, utilizado com sucesso em sistemas especialistas. 4. Método Axiomático de Kolmogorov. Hoje considerado o ideal. È muito fácil, para um manipulador, escolher um método, um enfoque que leve a resposta para onde ele quiser.
O que tenho observado ao longo destes anos dando suporte a pesquisa na área médica é que é muito fácil manipular os dados, e sei por verificação própria e por leitura que os cientistas não são tão confiáveis, pois são tão humanos quanto nós. Já no início dos anos 70 houve um simpósio na Unesco sobre a responsabilidade social dos cientistas, colocando o dedo na ferida das pesquisas irresponsáveis. Durante décadas pesquisas estatísticas, muito bem elaboradas e fundamentadas comprovaram que o cigarro não ocasionava danos aos seres humanos. Sabemos dos desastres do “desfolhante laranja” no Vietnã, pesquisa patrocinada pelo exército americano, e dos múltiplos desastres provocados pela indústria farmacêutica. No ano passado fui indagado por uma jornalista da revista “Bons Fluidos”, sobre os efeitos da irradiação dos celulares nos seres humanos. Entrei em diversos sites para saber das últimas pesquisas, invariavelmente diziam que os celulares não faziam mal algum. Ora, fui professor durante 30 anos de Eletromagnetismo, e tenho mestrado em Engenharia Biomédica, fica difícil engolir essa notícia sabendo que quem tem marca-passo não deve usar celular, e que mesmo em pessoas sãs ele altera o Eletrocardiograma.
Como membro de um Comitê de Ética em Pesquisa na Área da Saúde tive conhecimento de práticas em pesquisas, mundiais, de arrepiar os cabelos de carecas. Devido a isso acho muito difícil alguém aceitar uma pesquisa estatística Astrológica feita por pessoas da área. O astrofísico português João Magueijo relata em seu livro “Mais rápido que a velocidade da Luz” a dificuldade de publicar suas conclusões em revistas conceituadas, porque ele contrariava a teoria da relatividade de Einstein. Seu livro relata inclusive uma crítica mordaz de Einstein a um astrofísico russo que comprovou, a partir das próprias equações de Einstein, que o universo era expansivo, e não constante, como pressupunha Einstein. Depois ele se desculpou, tinha cometido um erro de álgebra. O meio científico é um meio igual a qualquer um. Político, burocrático, detrator, invejoso, estelionatário e maledicente. Existem maravilhosas exceções, como em qualquer meio, mas não é fácil mudar os paradigmas existentes.
Já escrevi para a Dra. Elenir o seguinte:
“Sou professor de ”Estatística" e temo pelo tamanho do trabalho e da amostra, daquilo que você pretende. Gauquellin utilizou 35.000 mapas em seu estudo, se não me falha a memória, e ele era estatístico prático de carteirinha. Não me interessa essa trabalheira. Depois de levantar e analisar por volta de 3.000 mapas, nesta vida, confesso que estou mais do que satisfeito com os resultados das minhas leituras. Por outro lado você quer provar que a astrologia é uma ciência exata e, como já escrevi antes, estou convencido que ela não é. Faltam-me conhecimentos e argumentos científicos para provar que a astrologia é uma ciência, no sentido moderno do termo. Mas como disse Confúcio: "Um sábio não tem idéias", ou seja, não se fixa a nenhuma idéia.
Mas vá em frente. Se você conseguir provar ganhará a minha profunda admiração. Aplaudirei de pé. Os modelos antigos, paradigmas como disse Kuhn, estão aí para serem derrubados. Às vezes é necessário que a velha geração, como eu, morra, para que sejam feitas mudanças. A Programação Linear foi descoberta por um aluno que não sabia que um determinado problema era considerado sem solução.
Desejo muito boa sorte. Você é uma mulher de muita coragem e determinação. Gostei da sua postura!”
Elenir, você escreve agora:
“Mas, acho que podemos evoluir ainda mais... agora, entrando numa área que sempre relegou os estudos superiores a um plano de subalternidade, quase de ridicularização.”
Não posso aceitar este tipo de postura. Existem astrólogos matemáticos, astrofísicos, engenheiros, filósofos, médicos, advogados, etc. Astrólogos que não fariam feio aos antigos astrólogos como Morin, Regiomantono, Kepler e Newton. E estou falando só do Brasil. Pessoas de mais alto grau de cultura e sabedoria, mas, como em todas as áreas, compartilhando a Astrologia com ignorantes e despreparados. Como diziam antigamente: “Quem burro nasce, togado ou não, burro morre!” Também não creio que, como já fizeram Choisnard e Gauquellin, uma pesquisa vá mudar a aceitação da Astrologia no meio “científico”, os donos da verdade. Se duvidar, leia Paul Feyerabend que em seu livro “Diálogo Sobre o Método” comenta sobre um abaixo assinado contra a Astrologia que possuía a assinatura de uma plêiade de prêmios Nobel, que evidentemente não conheciam nada sobre a Astrologia. Como Feyerabend escreve: Imagine que são iletrados desta espécie que decidem o que se deve e o que não se deve ensinar nas nossas escolas; iletrados de tal espécie proclamam com arrogante desprezo que as velhas tradições, nunca estudadas nem compreendidas, devem ser erradicadas, independentemente da importância que revestem para todos aqueles que querem viver segundo seus cânones. O mesmo Feyerabend diz: Temos que separar a Ciência do Estado, tal como foi feito com a religião. (Meu Deus! E os fundamentalistas? Irão aceitar a Astrologia?).
A Astrologia tem de história conhecida, no ocidente, de mais de cinco mil anos. Qual outra forma de conhecimento permaneceu por tanto tempo? Como me informou um ex-adido cultural francês doutorando em escrita cuneiforme, aqui em São Paulo, o que os sumérios escreviam como suposição astrológica os hititas informavam como certeza. Qual conhecimento tem 2500 de registro de dados e confirmação de eventos? Essa forma mesquinha de se analisar o conhecimento a partir de medidas - só se conhece o que pode ser medido - é recente e duvido que perdure por mais cinqüenta anos. Os movimentos de estudos interdisciplinares e transdisciplinares, além da moderna visão da complexidade de Morin (Edgar Morin) dão sustentabilidade ao que digo.
Como disse antes para Dra. Elenir, e falo agora para todos, façam pesquisa, mas não contem com a aceitação pelo atual Establishment.
Parodiando Tom Cathcart e Daniel Klein, no preâmbulo do livro “Platão e um Ornitorrinco entram num bar...*”:
Estes são meus princípios, se não gostarem tenho outros.
Abraços a todos,
Rodrigo Araês




* e o barman olha para Platão com um olhar esquisito. O que posso fazer? Retruca Platão, dentro da caverna ela era muito mais engraçadinha.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

ASTROLOGIA DO PRESENTE

“...Aceito o desafio e a ele me atiro, sem restrição, por saber que é tempo de ousar, de reinventar códigos, de lançar pontes para o desconhecido, transgredindo a estreiteza de uma certa mentalidade moderna, dogmática e estagnada no racionalismo tecnicista. Omitir é trair, nesse momento de mutação consciencial que nos exige uma palavra nova, um gesto inédito, enfim, uma contribuição singular. Por mais singela e insignificante que possa ser, que seja!”


Roberto Crema em "Saúde e Plenitude"


Essa é a razão talvez principal desse texto publicado na revista Constelar


quarta-feira, 3 de setembro de 2008

ASTROLOGIA E LOUCURA

Esse texto é antigo. Estava esquecido no depósito de textos antigos. Foi escrito em função de uma discussão qualquer em uma velha e extinta lista de astrologia.
Observando algumas situações atuais, ainda mais em época de eleições, quando mais que nunca os astrólogos começam a olhar apenas para fora de si, ao ponto de alguns até esquecerem-se de onde na verdade vem, e de onde vem a astrologia que praticam, entendi ser oportuna uma releitura desse texto.
Serve para me manter alerta e prestando atenção em mim mesmo. Serve para reconhecer o quanto é possível e perigoso investir na auto-importância e onde essa mesma importância pessoal começa a se tornar uma doença.
Se para mais uma pessoa pelo menos ele for útil, já está valendo.



ASTROLOGIA E LOUCURA


Há aproximadamente 30 anos, meu professor de astrologia, Wanderley Vernili, disse uma coisa que me chateou: "aquele que usa o símbolo inadequadamente será punido por ele". No momento eu debochei dessa palavra, disse que isso era astrolatria e tolice. Levei muitos anos para compreender a profundidade e verdade contida nas palavras do meu mestre, e vou tentar compartilhar com vocês por achar isso muito sério.
O Símbolo (planetas, signos, casas, aspectos, no caso da astrologia) é algo que supostamente nos habita, é um conteúdo de nossa psique, ou mais ainda, é um potencial energético que existe em nosso ser e que é sintetizado e eventualmente traduzido pela mente sob a designação de símbolo, mas que existe e se manifesta independente de nossa compreensão intelectual "dele". Saturno ou Vênus, por exemplo, representam qualidades inerentes ao ser (medo, afeto, desejo, etc.), potenciais infinitos de energia que se manifestam ciclicamente ou quando estimulados por alguma circunstância externa ou interna. Creio que isso é uma visão sintética e simplificada do funcionamento planetário.
Quando um indivíduo "transgride" uma função simbólica, quando permite que, por vaidade ou medo ou outra problemática qualquer, a função Lunar, Saturnina, Mercuriana, ou outra, sejam corrompidas e distorcidas, pervertendo seu significado essencial, esse potencial que foi ativado eventualmente se voltará contra o próprio indivíduo, seja através de comportamentos sórdidos e inadequados, seja através da somatização e doença física, seja através dedistúrbios psicológicos que não conseguem se manter ocultos por muito tempo atrás das mascaras e dos personagens queantes os ocultavam.
O próprio indivíduo é o único canal da expressão do símbolo, e a partir do momento em que ele, o símbolo, for despertado, se a pessoa não estiver no lugar de expressa-lo, poderá tornar-se vítima dessa manifestação energética.
É um pouco difícil aceitar a possibilidade de que a Astrologia pode enlouquecer. Exatamente. Enlouquecer!
As linguagens simbólicas, "sempre" colocam o indivíduo em sintonia com os símbolos dentro de si mesmo, e quanto mais praticadas e estudadas essas linguagens, maior a conexão como símbolo, mais ele é ativado, despertado, e as energias e manifestações desse símbolo ativado passam a representar as motivações básicas, conscientes e inconscientes do comportamento da pessoa e de todas as suas relações, consigo mesmo e com a sociedade. A ativação do símbolo, particularmente entre Astrólogos, tende a conduzir a pessoapara uma conexão cada vez mais intensa com aquilo que os Junguianos denominam "self", os ocultistas denominam "espírito", a essência mais profunda e original do sujeito, enfim. Quando a pessoa está nesse caminho de conexão com os significados reais e naturais do símbolo, e resolve se comprometer com realidades que não sejam pertinentes à pureza e a qualidade do símbolo em si, inicia o processo de transgressão, e começa também a eventual punição do indivíduo pelo próprio símbolo que o habita.
Vejam, não vem nenhuma entidade de fora trazer qualquer castigo, e muito menos sentimentos condicionados de culpa e inferioridade podem ser responsabilizados por isso. O des-astre (rompimento com o astro) vem de dentro para fora.
Por mais que se tente, não há a quem culpar.
Observamos que o comprometimento com valores e condições que agridem a natureza essencial das pessoas, podem desencadear a expressão distorcida do símbolo, trazendo desequilíbrios e doenças de todos os tipos, especialmente para a pessoa reativa, aquela que não percebe estar fazendo isso. A idéia desse comprometimento com circunstancias que agridam a condição original do símbolo, tem relação direta com a imposição cultural da necessidade de ser importante, de ser “especial” ou de “estar com a razão”.
Além da importância pessoal, o maior e mais destrutivo dos venenos, temos visto praticantes de astrologia que confundiram totalmente sua vida e sua prática, misturando conceitos religiosos e místicos com a astrologia de uma maneira bastante artificial.
São praticantes que olham somente para fora de si. Ai está a chave.
As distorções na pratica da astrologia podem aparecer sob as mais diversas formas, mas todas elas envolvem a necessidade de aprovação, ou o medo da rejeição (seja de homens, seja de entidades espirituais.
Envolvem também necessidade de poder e controle, ilusão desaber mais da Verdade do que os demais, e por ai vai mais umalista de aberrações não tão incomuns assim.
Todas as distorções implicam em estar olhando para fora, estar julgando o que acontece fora e negando o olhar para si mesmo.
Aguardemos os próximos capítulos das distorções e vamos procurar nos cuidar para não cairmos também nesse engodo da vaidade e sede de poder.
Basta estarmos acordados, procurarmos ser Pró-ativos em vez de Reativos, e refletirmos sobre qual é de fato a nossa importância, se é que temos alguma.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A TRIBO DOS ASTRÓLOGOS LIVRES

ASTROLOGIA E LIBERDADE







A idéia de liberdade é uma das mais fascinantes para todos nós, talvez por estarmos presos a um corpo, presos a tantos compromissos e necessidades, inclusive a da mais básica subsistência.
Creio que, se considerarmos as necessidades básicas da vida (comer, dormir, relacionar-se, respirar), não somos realmente livres. Mas se considerarmos nosso direito de escolher nossos caminhos, de escolher nosso gesto, de elaborar e aprender nossos procedimentos para atender as necessidades básicas, somos livres sim.
Talvez tenhamos mesmo um destino a cumprir, mas a qualidade do ato de cumprir esse destino pode ser nossa escolha. Não creio que alguém tenha nascido para sofrer. Nada na natureza nasceu para sofrer. A dor pode ser inevitável em certos casos, mas ficar sofrendo é uma escolha.
A Astrologia exerceu sobre mim um fascínio extraordinário exatamente por causa disso. Ela apresentou a possibilidade de mostrar caminhos da liberdade, de escolher entre aquilo que pode nos limitar e prender e aquilo que pode nos conectar ao universo e nos fazer usar livremente o que temos de melhor em nossa personalidade.
O conhecimento da Astrologia é a compreensão das leis que regem o universo, é a possibilidade de nos integrarmos ao ritmo e aos ciclos que estão harmonizados com nossa essência e nossas potencialidades. Isso é maravilhoso. Isso é liberdade. É como aprender a ouvir a musica da natureza e poder se movimentar de acordo com ela, com leveza, fluindo, como uma dança mesmo. Creio que é essa qualidade da Astrologia que traz para ela tantos apaixonados, tantos estudiosos, tantos praticantes.
Mas a realidade de um mundo que estabeleceu outras regras e padrões é diferente. A necessidade de criar prisões para as almas, de enquadrar os espíritos para que eles acreditem que essa é a única forma possível de sobreviver em um mundo hostil, é uma característica que se desenvolveu entre os humanos durante sua historia. Esses acordos que mantém as pessoas na "separatividade", separadas de si mesmas, separadas dos outros, não reconhecendo jamais que somos células do mesmo corpo, navegantes do mesmo barco, responsáveis uns pelos outros, comprometidos com a grande nave terra, todos, sem exceção, igualmente importantes, igualmente responsáveis, cada um com sua função, cada um com sua qualidade a ser exercida no sentido de conduzir adequadamente o planeta em direção ao infinito.
E cada um de nós, cada ser humano, fazendo a diferença.
O acordo coletivo, que existe há séculos, e dentro do qual já nascemos, e que, portanto não assinamos e não teríamos necessariamente que obedecer, diz que o ser humano precisa de controle, precisa de limites, precisa de que alguém que se apresente como superior ou mais bem preparado lhe diga o que fazer, o que é certo e errado, em vez de mostrar que todos somos capazes, todos temos nosso papel e nossa responsabilidade, e cada um de nós é o único autor de seu próprio destino.
Dentro desse acordo coletivo de que somos seres separados de nós mesmos e do universo, e conforme a presunção de que alguns seres são mais especiais do que outros, e que, portanto devem saber melhor o que é certo e errado para os outros, muitos astrólogos estão se propondo a estabelecer as regras de comportamento e exercício da profissão de astrólogo.
Não perceberam que estão tirando da Astrologia sua grande vantagem, seu maior mérito, a liberdade que ela proporciona e a consciência que possibilita.
Estão sendo coniventes com um acordo histórico que minimiza o ser humano, transformando-o em um irresponsável que precisa que lhe digam o que fazer. Reconhecem em todos nós apenas crianças inconseqüentes ou cidadãos possivelmente mal intencionados ou mal formados, cidadãos que precisam de uma "ética" externa, estabelecida em comum acordo por aqueles que se intitulam mais especiais e lúcidos, seja imposta.
Para achar que o outro está errado, que a prática astrológica dele é inadequada, alguém precisa se colocar no lugar de ser capaz de julgar, alguém tem que se colocar na condição de ser superior ao outro. Quem disse isso? Quem os elegeu superiores? Quem lhes deu o direito de tirar a liberdade de ir e vir de quem ama e pratica a Astrologia? Quem lhes disse que as pessoas não podem errar e aprender com seus erros, como tem acontecido há milênios?
Para nos convencer usam argumentos nos quais eles mesmos acreditam, porque pensam igual, talvez porque noutras condições, fariam o mesmo. Dizem que aventureiros vão se apropriar da Astrologia, como um tal de sindicato dos terapeutas alternativos. Dizem que a psicologia acadêmica vai se apropriar da Astrologia e torná-la uma simples cadeira nas faculdades. Dizem que usurpadores gananciosos querem se apropriar da astrologia de todas as formas. Parece que estão com medo de perder algo do qual se julgam proprietários. Querem acreditar nisso e querem que todos nós acreditemos nisso. Não suportam a idéia de que Astrólogo é livre e seu trabalho e sua vida dependem de sua consciência e atuação apenas, de tal modo que aqueles que não fazem corretamente e com responsabilidade, não sobrevivem da Astrologia. O próprio mercado e a postura do astrólogo é o que regula seu trabalho, não precisando ninguém de fora para fazer isso.
Claro que existem os enganadores, os tais de picaretas. Alguns exímios em sua arte, tão bons em enganar que certamente serão os primeiros a querer e conquistar a proteção do sistema, os mais empenhados talvez em se colocar na posição de "respeitabilidade" por serem oficializados e andarem de acordo com a lei - com seus registros, crachás e carteirinhas -, lei essa que muitos de seus assemelhados criaram para proteger-se e manter-se no lugar de controlar a situação.
Na minha compreensão, as pessoas que estão empenhadas em enquadrar, institucionalizar, controlar a Astrologia e sua prática, são pessoas que tem duas motivações básicas:
Uma é a necessidade de controlar, pois são personalidades controladoras e tirânicas. O tirano, de acordo com uma compreensão de Nietzsche, é uma pessoa que se considera portadora do Bem, e que conseqüentemente acredita que todos os outros, todo “resto” é o Mal, e que, portanto, precisam ser controlados.
Outra motivação que observo é a do medo. Medos que querem que tenhamos todos, medo que faz as pessoas se agregarem por causa do perigo dos fantasmas, dos monstros noturnos e terríveis que povoam seu universo, exatamente como deviam fazer os homens das cavernas na escuridão da noite, se unindo pelo medo pura e simplesmente para se proteger do perigo que eles imaginavam que existisse. Dessa forma, provavelmente, surgiram a maioria das crenças sombrias que povoam o inconsciente da humanidade. Assim surgiu também um modelo paternalista e protetor, adotado por todos os tiranos e poderosos através dos tempos.
A idéia de que precisamos nos unir para nos protegermos de algo por causa do medo – seja de fora da comunidade astrológica, seja dentro dela mesma – é sórdida e contamina a beleza da Astrologia e seu poder de nos mostrar os caminhos da liberdade, além do fato de não despertar nada de bom nas pessoas, apenas sombra e medo. Quem prefere escolher mobilizar-se pelo medo? Quem quer ser cúmplice desse acordo perverso? Quem escolhe ser contaminado e pegar essa doença também, quando tem diante de si todo um universo de possibilidades maravilhosas, inclusive a de não ter que dar satisfação para nenhum suposto e auto-intitulado protetor de nossos interesses?
Existe também uma argumentação de que aqueles que não aceitam os modelos regulamentadores e instituicionalizadores propostos são seres anacrônicos, dinossauros da Astrologia que não querem ver sua modernização e adaptação às condições do mundo contemporâneo.

Será mesmo?

A idéia de estruturas hierárquicas organizadas e protetoras é tão moderna assim? A idéia de que precisamos de líderes paternais ou maternais para nos dar a direção da vida e estabelecer as regras do certo e errado – como se fossemos todos inconscientes de nossa capacidade, responsabilidade e poder pessoal – é uma atualização da pratica profissional da Astrologia?
Pensemos um pouco nisso também...
A Tribo...
Existe sim a possibilidade de união entre Astrólogos. Somos seres que vivem naturalmente em união, é uma condição do ser humano. Mas podemos escolher se queremos nos unir sob a autoridade de alguém que se supõe melhor que os demais – e que na verdade só acredita que as coisas funcionam quando são controladas por sua sabedoria e de seus assemelhados – ou podemos escolher nos unirmos pelo simples respeito à condição humana e pelo amor à Astrologia.
A Amizade, palavra atribuída e relacionada com o símbolo Urano, é talvez a melhor, a mais saudável forma de promover o encontro das pessoas que possuem em comum o amor pela Astrologia e a liberdade. Isso acontece naturalmente, amizade não pode ser forçada, simplesmente acontece porque tem um fio condutor que vai nos atraindo uns para os outros, e esse fio é a própria Astrologia. Vamos caminhando livremente e encontrando pelo caminho outros seres livres como nós, que acreditam nas mesmas coisas e que sabem que cada um é responsável pelo seu destino e pelos seus atos, e temos um mapa que nos é dado pela própria Astrologia para caminharmos direito, para agirmos em harmonia com as leis do universo e as leis da vida, e assim, vamos encontrando seres que tem a mesma vibração, a mesma consciência, o mesmo desejo de liberdade, e formando uma tribo cada vez maior e mais forte.

Quanto aos "neo tiranos" de plantão, e todos aqueles que acreditam que podem controlar a pratica da Astrologia, - com todo respeito por sua boa intenção e boa vontade - deixemos que eles se controlem a si próprios e àqueles que ainda não entenderam que não podemos abrir mão de uma das melhores coisas que a Astrologia nos proporciona, a possibilidade de sermos livres e autores de nosso próprio destino.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

PROJETO DE VIDA

De que serve uma gota d’água?
Desde o momento em que despenca da bica, da torneira, da nuvem, até o instante em que se esborracha no chão do planeta, sua existência acontece, sua finalidade se estabelece e é absoluta sob qualquer ponto de vista, seu projeto é claro: cair.
O formato absolutamente aerodinâmico da gota d’água, talvez uma das formas mais fluídicas que existam – consegue cortar o ar como o mais afiado dos bisturis – define seu projeto existencial, define o ato de cair, simplesmente cair.
Pode parecer efêmera essa existência, viver para cair, existir para cair, obedecer a lei da gravidade pura e simplesmente como se nada mais houvesse para acontecer. Mas é assim que acontece, e talvez seja assim que aconteça com todos nós.
Vivemos para seguir uma lei, talvez tão exata e inquestionável quanto a lei da gravidade, talvez tão misteriosa quanto a lei que faz os prótons e elétrons gravitarem em torno de um núcleo invisível, e vivemos com a precisa duração do intervalo entre o momento em que somos arrancados da nuvem, da bica, da torneira, da fonte de onde viemos, até o momento único em que nos esborrachamos no encontro com o infinito. Esse é nosso projeto de vida.
A aerodinâmica do corpo que ocupamos, sua constituição, sua forma, definem, como na gota d’água, o projeto de nossa existência, nossa queda em direção ao infinito, nosso recurso absoluto para seguir com a lei que nos conduz.
Temos uma opção fantástica, uma escolha definitiva: dispomos de um recurso que pode fazer com que o projeto de vida tenha um sentido maior: a possibilidade da consciência, a possibilidade de conhecer nosso projeto, compreender nossa finalidade, nos integrarmos à existência não apenas através da forma, mas também por meio do conhecimento e da expansão do uso de nossos recursos e qualidades.
Uma gota d’água que sabe ser uma gota d’água, que se conecta com o significado de sua existência, que compreende sua função no conjunto das forças universais que a originaram. Saber-se uma gota d’água é mais que poético, é como se apropriar do próprio destino, integrar-se à lei, usufruir plenamente dos recursos que Aquele que nos gerou, a fonte, a nuvem, nos concedeu para atendermos a essa finalidade maior que talvez jamais possamos compreender em sua totalidade.
Olhando para o horóscopo, podemos imaginar para onde a gota d’água cai. Se entendermos que a gota é análoga ao ascendente, seu projeto é “cair”, seguir seu destino, e seu formato especial existe em função desse projeto. Tudo perfeitamente análogo à função do ascendente no horóscopo, o Projeto de Vida.
Somos gotas d’água lançadas no infinito, em queda até o momento final, com o formato perfeito e adequado à nossa função, àquilo para o qual a força universal nos fez existir, equipados e formatados para atender uma determinada função dentro desse eterno movimento, desse fluxo, desse tipo de queda que é nossa existência.
Repito a pergunta, cair para onde?
Pensando no horóscopo e sua numeração, será que nosso movimento é em direção a casa XII, acompanhando o Sol como o percebemos, acompanhando o movimento aparente dos signos e planetas em direção ao nascente? Ou será que seguimos a ordem lógica das casas, 1, 2, 3, etc, como um movimento lógico e compreensível?
O entendimento dessa direção, do sentido da gota d’água será aplicável a qualquer condição do horóscopo, será uma leitura possível para sabermos para onde a “energia” planetária se dirige, onde fica o foco de nosso agir.
Bem, de todas as análises que pude fazer, apenas uma resposta me ocorreu, só existe uma direção para onde todas as energias representadas pelas configurações planetárias se dirigem, só existe uma direção possível para onde se encaminham os significados do ascendente e de todas as casas, apenas para um lugar se dirige à gota d’água em sua queda poética na velocidade e no tempo de uma encarnação: o centro.
Tudo no mapa parece se dirigir para o ponto central do circulo. Não existe necessariamente uma seqüência , como propõe tantos autores, iniciando na casa I e prosseguindo até a XII, marcando o movimento da vida. Isso é uma compreensão apenas, um modo lógico de ver as coisas.
O Centro do horóscopo é o próprio centro de si, representa o centro do universo, é a metáfora da Fonte Divina. É o núcleo para onde todas as energias, toda resultante de nossos atos, todo efeito causado e toda causa geradora se encaminham.
O centro de si mesmo é a grande meta, o projeto, o receptáculo das energias, a pia batismal que recolhe a gota d’água de cada projeto desencadeado, cada movimento executado na grande dança da existência. É o lugar onde mora o espírito, o olho d’água de onde brota toda existência, onde são gerados a realidade e todos os conceitos e verdades e mentiras e crenças, que tomam sua forma reconhecível quando se manifestam na periferia do circulo, nas casas.
O centro é de onde tudo flui e para onde tudo volta.
Tudo começa ali e termina ali mesmo.
A casa XII é um campo de projeção psíquica cujo foco é o centro do horóscopo. Ela apenas representa possibilidades criadas pela própria essência da pessoa. O mesmo acontece com os valores simbolizados pela casa II, pelo passado compreendido através da casa IV, pela imagem, pelos conceitos, pelos critérios e tudo mais representado por cada uma das casas do horóscopo. Tudo que fazemos, somos, acreditamos que somos se encaminha para o centro do horóscopo, e ao mesmo tempo, tudo isso é uma manifestação, um reflexo da luz que é emanada a partir desse centro.
Quando nos tornamos esse movimento, quando nos sabemos gota d’água em movimento, incorporamos de fato o projeto de nossa existência e passamos a Ser o que temos que ser. Isso se repete para cada uma das casas, como uma porção de gotas d’água caindo em direção a um único núcleo, o mesmo que as gerou como uma fonte que produz vapor que no devido tempo se transforma em gotas. Parece uma reflexão metafísica, mas é na verdade um fato comprovado e confirmado.
Quando assumimos uma relação firme e consciente com nossos recursos naturais, quando nos integramos ao movimento constante da vida, sem julgamento, sem escolhas de conveniência, tanto quanto uma gota d’água pode ser e fazer, nos tornamos o projeto e ai, nesse instante, cumprimos nosso papel divino, a função real para a qual nascemos e nos destinamos.
O fluxo refluxo energético que sempre reconhecemos ocorrer entre as casas opostas, Eu – Tu – Eu, etc, ocorre apenas no plano da identificação com a realidade aparente. Construção e destruição de valores, passado e futuro, liturgia e conexão divina, etc, todo movimento polar é uma descrição de um processo mental. Absolutamente valida dentro de uma proposta de realidade que dependa da crença na realidade aparente e física, mas ainda um começo, uma simples semente quando se imagina a possibilidade de uma integração verdadeira consigo mesmo e conseqüentemente com o infinito.
Todas as relações entre as casas, ou campos de projeção, passam a ser relações casuais e causais, enquanto a verdadeira e maior relação é de cada uma dessas experiências – que evidentemente se integram umas às outras – com o centro do ser, o núcleo gerador de todas as coisas.
Em outras palavras, cada uma das experiências representada pelas casas terrestres –particularmente o ascendente, que simboliza o próprio projeto de vida – por se encaminharem para o mesmo ponto de fuga (ou ponto de encontro) o centro do indivíduo, o coração, o núcleo de onde tudo emana, é destinada a “regressar”, voltar, cair em direção o centro de onde a energia que elas representam foi gerada.
É um verdadeiro processo de “queda”, mas podemos também chamar de entrega, entrega total ao abismo, permitir-se cair indefinidamente em direção ao centro, em direção a si mesmo, que é onde todas as gotas d’água se concentram e se convertem em vida, se tornam o caminho do infinito.
Permitindo ou não, isso acontecerá sempre.
A consciência desse movimento, desse fluxo e refluxo ao ponto central, onde na verdade nos encontramos, faz com que a roda da vida continue a girar, o “samsara” como dizem alguns. A diferença é que, em vez de estarmos sempre na periferia dessa roda, nos tornamos o centro, a fonte de todo movimento.
Dizem que a roda foi a maior invenção mecânica da humanidade. Creio que a roda é só uma projeção de algo realmente útil: o Eixo.

domingo, 27 de julho de 2008

ENCONTRO DE ASTROLOGOS


Nesse sábado, dia 25 de julho aconteceu, em um shopping da zona sul, o primeiro encontro promovido em São Paulo pela CNA (Central Nacional de Astrologia), parte de um projeto que envolve todo o país.
Em outros estados já ocorreram os encontros do projeto durante o mês de junho e, segundo os relatos, foram todos um sucesso.
Algo esta começando a acontecer com a Astrologia e com os Astrólogos. Algo muito bom para todos nós.
O encontro das pessoas, o compartilhamento do que cada um tem de melhor, uma celebração entre tantos que amam a Astrologia.
A necessidade da troca, da doação, do compartilhar faz surgir uma entidade que acontece a partir das pessoas e da sêde de conhecimento que todos nós temos. Não é uma entidade que se impõe sobre os indivíduos, e sim algo surgido do desejo de compartilhamento e união.
Creio que a CNA pode ser uma plataforma, um terreno onde as amizades podem ser semeadas e crescer, brotarem flores e frutos, e até mesmo eventuais espinhos como instrumentos de aprendizado.
União é muito bom! Todos ganham.
Vi alegria e boa vontade nos organizadores, nos participantes, no público (encontrei amigos que não via há mais de 10 anos!), e isso é bem animador.
Em homenagem a esse acontecimento tão importante, a essa semente, republico nesse blog um velho texto escrito com o coração, e que naquele momento causou muita polemica, mas que agora mostra porque veio.
E Viva a Astrologia!
E Vivam os Astrólogos!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

ASTROLOGIA É ASTROLOGIA E NENHUMA OUTRA COISA

Ainda tem um tanto de estudiosos de Astrologia querendo provar a validade da Astrologia.
Alguns pretendendo que seja uma Ciência, outros que seja Arte, outros ainda, como eu mesmo pensava até a pouco tempo, que a Astrologia é uma Linguagem.
Tem também as variantes que elaboram a Astrologia Psicológica, ou Astropsicologia, tem também o AstroDrama, a AstroConstelação, a Astrologia Filosófica, e dentro disso tudo uma proposta de “multidisciplinaridade” para a pratica da Astrologia.
Estou aqui questionando tudo isso, e tenho uma afirmação a fazer:
Astrologia é apenas, pura e simplesmente, Astrologia.
Não é propriamente uma Ciência, uma Arte, uma Linguagem, e nem pode existir uma Astrologia Psicológica ou algo assim, porque a Astrologia é anterior a tudo isso e completa, absoluta em si mesma.
Certamente todas essas praticas e áreas de conhecimento podem utilizar os maravilhosos recursos da Astrologia, da mesma forma que a pratica da Astrologia contemporânea se utiliza das linguagens, técnicas e recursos que foram sendo desenvolvidos através dos tempos e que permitem uma maior compreensão dos ritmos, ciclos naturais e da interação do ser humano com esses movimentos da Natureza.
Porque é que alguns insistem tanto que a Astrologia tenha que ser outra coisa que não ela mesma? Matemática é apenas Matemática, musica é simplesmente musica, não importando o uso ou as infinitas variações que se dê a ela. Toda tem uma ciência enquanto método ou fundamentação, todas tem uma arte em si mesmas, e todas possuem seus próprios recursos lingüísticos, suas linguagens, mas cada uma dessas “coisas” é ela mesma. Isso esta valendo para a Astrologia.
Astrologia é Astrologia.
Quanto a tal “transdisciplinaridade” ou “multidisciplinaridade”, é evidente que o campo de possibilidades da Astrologia, já que ela abarca todos os movimentos possíveis da natureza e suas infinitas interpretações, é naturalmente, como sempre foi, trans ou multidisciplinar, sem precisar enquadrá-la nessa categorização. É absolutamente supérfluo querer colocar para a Astrologia algo que ela sempre foi, mesmo que isso esteja sendo percebido somente agora por alguns.


E em relação à Astrologia Psicologica, podemos afirmar que qualquer uso da Astrologia que envolva a compreensão das coisas, o uso da mente, a comunicação, o universo das idéias é "psicologica", que outra coisa poderia ser? Evidente que não estamos nos referindo ao uso da Astrologia por parte dos praticantes de Psicologia Clinica e suas variáveis. Isso não é "Astrologia psicologica", é apenas Astrologia aplicada à pratica dos psicologos, como pode ser tambem aplicada à pratica dos economistas e em muitas outras áreas.
E volto a repetir: Astrologia não é Ciência. Astrologia não é Arte. Astrologia não é Linguagem. Ela contém tudo isso, mas ela, a Astrologia é somente ela própria: Astrologia.
E não existe nada para provar em relação a si mesma e nem para ninguém.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

CITADORES CIRCUNSTÂNCIAIS

Uma amiga estava animada ontem, ia encontrar um Doutor em Filosofia em um churrasco, na Bahia. Boa conversa, boas trocas...
A noite estava desapontada, disse que em qualquer assunto ele, o doutor, complementava ou argumentava com a citação de algum filosofo, de alguma escola filosófica, jamais apresentando a si mesmo, sua própria vida, o que ele pessoalmente trazia de sua experiência pessoal para trocar.
Conheço o estilo "notas de rodapé" ou "eu sou bem embasado". Tédio. Melhor ler os originais.
Lembrei de um velho conhecido astrólogo, que não encontro muitos anos e que em cada frase citava pelo menos uma vez Plotino, ou eventualmente variava para um Marcus Manilus ou Morin, e nunca, jamais sabíamos qual era realmente seu pensamento. Um reconhecidamente bom astrólogo, mas que na hora da conversa, mais uma vez poderia ser trocado pelos originais...
Creio que isso é uma etapa na vida de todos nós, que precisamos citar autores consagrados para nos sentirmos embasados e seguros, mas chega um dia - e creio mesmo que isso é nosso "diploma de formatura" - que podemos começar a citar a nós mesmos.
Isso não é mera presunção, é o reconhecimento da própria maturidade e da responsabilidade que temos. É como saber nadar sem aquelas bóias nos braços, ou andar de bicicleta sem as rodinhas...
Isso não invalida os citadores contumazes (modernamente citam Liz Greene, Rudhyar, Arroyo...), que estão vivendo uma passagem para sua própria independência e maturidade, espero, pois até para citar e conhecer esses autores todos é necessário uma boa memória e articulação.
Se não exagerarem, como o doutor filosofo bahiano, conseguem nem ser muito chatos e nos ensinar alguma coisa a respeito de gente que talvez não tenhamos nunca oportunidade de ler. Isso é o lado bom da coisa.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

FALANDO DO HORÓSCOPO

FALANDO DO HORÓSCOPO


O horóscopo mostra, em princípio, duas possibilidades:

A primeira é um ser natural, o “Homem Natural”, uma entidade plena, absoluta e integralmente comprometida com o organismo planetário que ele habita, como uma célula no corpo, como uma bactéria integrada a seu hospedeiro. O horóscopo originalmente nos apresenta este Homem, esta entidade natural.
Este “Homem Natural” na verdade é uma entidade imaterial, uma pura expressão energética, uma “emanação da Águia”, como diria Don Juan. Ele é composto de energia caótica e, quando em sua organização energética natural, ou seja, quando esta energia pura começa a se organizar, em sentimentos e intenções.
Estes Sentimentos e Intenções são expressões naturais da energia cósmica fluindo através de nós; correspondem à expressão da vida em si mesma e é a matéria prima da qual se faz a realidade, da qual se compõe a realidade.
O acesso a esta realidade primeira, composta de Sentimentos e Intenções, ocorre através da obtenção do “estado de Graça”, um estado que corresponde a ter consciência da energia fundamental, como se pudéssemos acessar a imprevisibilidade do movimento dos elétrons e saber para onde eles vão, de onde eles vêm. Como se pudéssemos navegar entre as partículas e ondas, no espaço vazio, no espaço silencioso, e dali, observar tudo acontecendo.
O Sentimento, no caso, não deve ser confundido com Emoção, que é uma expressão do Ego e da Psique. Sentimento existe em todos os seres, independente do uso ou não da razão. É uma forma pura de expressão da energia essencial, seja a alegria, seja o medo. É a própria capacidade de sentir em si mesma.
Estamos denominando de Intenção à força natural que move os elétrons, que dirige e movimenta a energia, conduzindo-a para um estado de aglutinação, orientando-a para a forma e dando a ela consistência. A intenção conduz a energia do sentimento para o mundo da forma e das sensações, o mundo do “Tonal”. Utilizando alguns conceitos da física quântica apenas para fazer um paralelo com o universo astrológico, podemos dizer que a intenção determina o colapso da onda de energia transformando-a em partículas, em realidade física.
A intenção é a expressão da consciência. A intenção é o caminho de acesso à própria consciência.
O Horóscopo mostra a arquitetura, a organização energética do homem, onde o sentimento e a energia vital em estado puro se direcionam para este ou aquele módulo, para essa ou aquela formação específica, e mostra também, em uma Segunda etapa, a aglutinação desta energia caótica, onde ela toma forma e se transforma em realidade, em luz, em gesto, em objeto, em personalidade ou qualquer outro tipo de forma que a energia aglutinada possa assumir.
Tudo que existe, tudo que nossos sentidos possam captar e reconhecer – o som, a cor, o gesto – é materialização da energia vital e caótica da qual se compõe o universo. A física quântica prova e comprova isto.
Quando unimos – através da intenção – a energia essencial, vital e caótica – que nomeamos aqui como “sentimento” – com a energia aglutinada e formatada que chamamos realidade material, construímos e permeamos o mundo, atravessamos os espaços vazios entre as formas e os gestos e expressamos e experimentamos o que chamamos Vida.
A compreensão da “intenção” é a constatação por parte daquilo que em nós podemos chamar de “o observador”, é o caminho seguido por Ele ou através Dele. E é na observação que a energia pura se colapsa e cria a realidade.
´É através da observação que nos tornamos no que somos ou no que pensamos ser.

A segunda coisa que o horóscopo mostra, é onde este Homem Natural é mais frágil, onde ele pode ser manipulado e receber programas e condicionamentos que distorçam sua natureza, quais seus pontos fracos, por onde uma realidade externa pode ser implantada em sua psique. Mas o horóscopo não mostra que isto vai acontecer, apenas nos sugere por onde pode acontecer, ou que simplesmente pode acontecer.
A primeira coisa e a expressão e o movimento das energias, a segunda, é a psicologia, a mente e seu fluxo e refluxo.

Somos apegados a um modelo de realidade que, de certa forma, nos foi imposto, nascemos “dentro” dele, é basicamente a única experiência que temos de algo eu podemos chamar de Realidade, Don Juan (Castañeda) dizia que o homem é um macaco agarrado às sementes dentro de uma cabaça. Ele sabe que para ser livre basta abrir a mão e largar as sementes, mas não faz isto, não consegue fazer. As sementes são o Sonho da Realidade, o sonho coletivo que recebe essa denominação, são nossas expectativas sociais que nos aprisionam, são a imagem que construímos de nós mesmos para sermos aceitos e coerentes com essa realidade. As sementes correspondem à mente, ao ego.
A visão que temos do horóscopo tende a ser a visão de seres agarrados às sementes dentro da cabaça, nos recusamos a largar as sementes, nos recusamos a abrir mão de um modo de ver as coisas e de nossa mania de alimentar a auto-imagem que nos foi proporcionada por nossos pais e pela sociedade. Esta é a Segunda visão do horóscopo, aquela que mostra nossas fragilidades e mostra nosso comprometimento com o que esperam da gente.
Neste caso, o mapa astrológico passa a ser um excelente referencial de expectativas, e expectativa é ilusão. Cada configuração, cada aspecto vai representar um tipo de expectativa, algum espaço a ser preenchido, algum tempo a ser vivido, mas sempre dentro de um padrão que não é necessariamente o nosso. O mapa passa a ser um mapa da expectativa que o mundo tem de nós, e nossas expectativas passam a ser reações ao que o mundo externo espera de nós, num tipo de ciclo, o “samsara”, e assim o horóscopo é visto, aceito e interpretado.
De alguma forma, existe algo como uma “expectativa coletiva”, que cria a realidade como nos a concebemos, o “mitote” dos xamans, o “maya” dos orientais, e esta expectativa é maior e mais poderosa que nossa capacidade pessoal de idealizar e criar nosso próprio sonho, nossa própria realidade, e de alguma maneira nos constrange ou nos corrompe, nos seduz e nos obriga a nos submetermos a ela, a submetermos nossas qualidades pessoais e nossos talentos a ela.
Estamos nos perguntando neste momento: “... mas o que vamos olhar no horóscopo então? Este cara é maluco! A vida é o que é, e temos que usar a astrologia para melhorá-la, o que já é uma grande coisa...”
Isto está certo, é assim mesmo que fazemos, estamos agarrados demais às sementes dentro da cabaça para imaginarmos que poderia ser diferente. Coisa de sonhador que acredita que podemos sair deste sonho...
Mas existem pequenas coisas que podemos fazer. Tentativas frágeis, delicadas, suaves diante da imponência do sonho que nos consome e absorve tanto, diante da nossa necessidade de preservar nossa imagem construída, nossa crença em um mundo e em um tipo de mundo que “aprendemos” a confiar e amar.
A primeira coisa a fazer, é entender o mapa dentro do conceito de Energia Pura, energia vital, energia do Caos, e a partir disto, fazer uma fusão entre este conceito e os conceitos de forma, de materialização desta energia, pois que tudo é energia, apenas olhamos de um lado físico, formatado, ou de um lado energético sem forma.
Onda e partícula.
Precisamos considerar que o Ser está submetido a um contexto maior que ele, o ambiente planetário e as condições sociais ao nosso redor são muito poderosas, e qualquer análise que fizermos de um indivíduo, através do horóscopo ou outro instrumento, tem que levar em consideração esta pressão do ambiente. A analise pode ser feita não a partir dos potenciais do indivíduo, simplesmente, mas da correlação entre suas qualidades naturais e a possibilidade destas qualidades se manifestarem em um contexto que, pode ser hostil a algumas qualidades e bastante favorável para outras.
Por exemplo, se analisarmos o potencial de relacionamento de alguém, através da observação da sua casa VII, o descendente, e todos os planetas envolvidos nessa questão, podemos considerar que toda avaliação dos potenciais de relação desta pessoa tem que levar em conta o mundo físico no qual ela vive, a realidade social, o que as outras pessoas esperam dela em termos de relacionamento. Não é possível analisar estes potenciais sem levar em conta toda a pressão psicológica e todos os condicionamentos aos quais esta pessoa é submetida desde a infância.


A questão amorosa do indivíduo, ou melhor, tudo que envolve os relacionamentos e associações da pessoa, representados pelo descendente e suas configurações, dependem dos critérios e conceitos coletivos de amor e relacionamento, depende das leis e regras estabelecidas pela grande ilusão da realidade e reconhecidas pela sociedade como o que é certo ou não é certo.
Depende de tudo menos do Amor propriamente dito.
Mas dentro de nós, muitas vezes, aparece um ser selvagem, surge a necessidade de viver o amor e a relação em outra dimensão, talvez mais instintiva, talvez mais biológica, menos formal, e ai, ai cai sobre nossas cabeças a cobrança, a culpa, o sentimento de estarmos transgredindo as regras.
Que regras são estas? Algumas são determinadas pelo bom senso, outras pelo respeito aos limites e contingências biológicas do ser humano, mas estas, nosso instinto, se não estiver corrompido e comprometido, não pode transgredir, pois não há força que nos afaste da vida em si mesma, a não ser a loucura e o excesso de pressão. Essa possibilidade de transgressão biológica e agressão à própria vida não está visível no horóscopo, não é previsível.
Outras regras, aquelas estabelecidas pela necessidade da ilusão social se auto-alimentar e se preservar, aquelas que têm conotação meramente moral e apenas servem para conservar a forma e o padrão sócio/cultural aceito pelas leis da cultura (que é um grande sonho coletivo, como tem sido colocado), muitas vezes distorcem ou bloqueiam a livre expressão dos potenciais do horóscopo, e a partir disso, dizermos que Vênus ou o planeta que está presente na casa VII representam um potencial de relacionamentos A ou B pode ser um grande equivoco, tanto de quem está interpretando, quanto de quem está ouvindo.
Se nós pensarmos no relacionamento – ainda dentro deste exemplo – em um plano natural e instintivo, estaremos abordando questões que talvez nunca possam ser devidamente expressas pelos bloqueios e impedimentos determinados pelas Leis morais do grande Sonho. E se nós – interpretes – por estarmos também submersos e comprometidos com o Sonho, fizermos uma leitura dentro de nossa percepção e decodificação “autorizada” dos símbolos, sempre dentro da Lei que nos foi imposta e por nós assimilada, certamente nossa interpretação vai “bater”, ficaremos orgulhosos de sermos “bons astrólogos” e vamos endossar os padrões sociais de relacionamento permitidos e estabelecidos pelo Sonho.
E nada vai mudar, e nada vai acontecer simplesmente.
Bem, talvez isto seja o certo e eu esteja especulando sobre uma utopia, uma impossibilidade não é?
Mas vou continuar nesta busca, pois algo dentro de mim está insatisfeito e pede que eu continue esta escavação. Pressinto, sinto como que certo brilho, uma chave, uma passagem que não consigo ainda atingir, mas que está lá me esperando, está presente, e se eu insistir e continuar, em algum momento a porta se abre, e ai posso escolher entrar ou ficar, mergulhar ou ficar. A escolha ainda é minha. A escolha é de cada um.

Os arqueólogos e outros exploradores de mistérios, diante de uma caverna, diante de seu sentimento de busca e questionamento, sentiam que havia portas, recantos, mistérios para ser descoberto atrás de cada sombra, dentro de cada obscuro espaço. É o que sinto neste momento. Mas também tenho a sensação de que, se continuar, tudo que eu sempre soube, ou achei que sabia, perderá o sentido, e que talvez, se descobrir novas verdades, novas versões para a verdade, se conseguir por uma fração de segundo ficar independente do sonho, saltar do aquário que chamamos de realidade e onde estou submerso, ficarei só.
E este é nosso maior medo. Agarramos-nos às informações assimiladas, às regras que nos deixam seguros e coerentes, aos comportamentos, aos estilos, às técnicas que permitem uma aceitação de nosso trabalho, de nossa vida pelas pessoas, e sabemos que, se nos atrevermos a questionar e contestar tudo isto que praticamos, o preço pode ser o isolamento, o deboche, a ironia dos que permanecem. Por isso é mais fácil, é mais cômodo não questionar, não colocar em dúvida nosso conhecimento, nosso trabalho. Por isso é tão incomodo questionar a Astrologia e a pratica da astrologia que tem sido tão “eficiente” durante estes séculos, ou décadas. Eficiente para manter o mundo como ele é apenas isto.
Não estamos tolamente pretendendo mudar o mundo, ou simplesmente quebrar as regras, mas temos a lucidez de perceber que tem alguma coisa que não encaixa nisto tudo, alguma coisa que, apesar de toda informação maravilhosa que a Astrologia e a análise do horóscopo proporcionam, continua igual, sempre a mesma, como um som contínuo, tão perene que já não o ouvimos mais. Tantos anos de trabalho e na verdade, nada mudou, pelo menos nada que não mudaria naturalmente, dentro dos limites permitidos a nós, seres domesticados. Porque o enorme elefante não rompe aquela frágil corrente que o prende pelo tornozelo? Porque não arranca a frágil estaca onde essa corrente está presa? Simplesmente porque a corrente foi colocada quando ele era pequeno e frágil, e ele aprendeu a acreditar que sua algema era mais forte que ele, e jamais ousaria tentar rompe-la em sua vida. A crença é mais forte que qualquer corrente.
Quem se olhar um pouco, com algum distanciamento crítico, certamente sentirá essa corrente que nos aprisiona, reconhecerá os condicionamentos que nos limitam. Todos estão fora de si. E o que estou dizendo não é uma insatisfação pessoal apenas, não é uma mera visão egóica do mundo sustentada por meus próprios problemas, que estes eu administro. É uma percepção maior, como uma voz, como um ruído incomodo, como o sentimento de que estamos sendo sonhados por um imenso sonhador, e que nos esquecemos a muito tempo de quem realmente somos e podemos ser, e tudo que fazemos é com a finalidade de endossar e reforçar este esquecimento, inclusive a Astrologia.
A tendência normal em nossa cultura é negar, questionar ou até mesmo tratar com sarcasmo tudo aquilo que nos incomoda. Nos inclinamos com freqüência a assumir este tipo de procedimento como atitude pessoal ou estilo de vida, mas podemos percebê-lo também como reação coletiva quando alguma nova informação, um novo questionamento vem mexer com os padrões de ilusão aos quais estamos acostumados e condicionados. A gente para de ler, a gente para de pensar, a gente diz que é uma babaquice qualquer coisa que ameace nos conduzir a um confronto com nossos próprios limites, que chegue perto da tênue membrana que divide o plano do sonho do plano da realidade. Negamos e ironizamos tudo que nos possa conduzir ao ponto de ruptura porque precisamos de defesas contra o desconhecido, e precisamos de estratégias para sentir alguma segurança dentro de uma realidade sonhada – nem sempre sonhada por nós mesmos – e estas estratégias, como a ironia, deboche e o sarcasmo, por exemplo, invalidam e ridicularizam todas alternativas que não sejam aquelas às quais estamos prévia e passivamente condicionados.
Existem práticas, procedimentos, atitudes mágicas e rituais que permitem que a gente vá despertando e se recordando de nosso estado Natural, acessando a consciência e lembrando que somos anjos que se esqueceram de sua condição divina e se comprometeram e se corromperam com o plano da forma.
A consciência é o elemento que estabelece a realidade. A realidade é uma criação da própria consciência. A realidade é a consciência.
Estas indagações todas talvez não levem a nada, talvez levem a tudo, não importa. Fazendo se faz, caminhando se faz o caminho, e isto importa.

Valdenir Benedetti