segunda-feira, 21 de julho de 2008

CITADORES CIRCUNSTÂNCIAIS

Uma amiga estava animada ontem, ia encontrar um Doutor em Filosofia em um churrasco, na Bahia. Boa conversa, boas trocas...
A noite estava desapontada, disse que em qualquer assunto ele, o doutor, complementava ou argumentava com a citação de algum filosofo, de alguma escola filosófica, jamais apresentando a si mesmo, sua própria vida, o que ele pessoalmente trazia de sua experiência pessoal para trocar.
Conheço o estilo "notas de rodapé" ou "eu sou bem embasado". Tédio. Melhor ler os originais.
Lembrei de um velho conhecido astrólogo, que não encontro muitos anos e que em cada frase citava pelo menos uma vez Plotino, ou eventualmente variava para um Marcus Manilus ou Morin, e nunca, jamais sabíamos qual era realmente seu pensamento. Um reconhecidamente bom astrólogo, mas que na hora da conversa, mais uma vez poderia ser trocado pelos originais...
Creio que isso é uma etapa na vida de todos nós, que precisamos citar autores consagrados para nos sentirmos embasados e seguros, mas chega um dia - e creio mesmo que isso é nosso "diploma de formatura" - que podemos começar a citar a nós mesmos.
Isso não é mera presunção, é o reconhecimento da própria maturidade e da responsabilidade que temos. É como saber nadar sem aquelas bóias nos braços, ou andar de bicicleta sem as rodinhas...
Isso não invalida os citadores contumazes (modernamente citam Liz Greene, Rudhyar, Arroyo...), que estão vivendo uma passagem para sua própria independência e maturidade, espero, pois até para citar e conhecer esses autores todos é necessário uma boa memória e articulação.
Se não exagerarem, como o doutor filosofo bahiano, conseguem nem ser muito chatos e nos ensinar alguma coisa a respeito de gente que talvez não tenhamos nunca oportunidade de ler. Isso é o lado bom da coisa.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Val, tudo bem?
Esse assunto do filósofo, no fim, passa por um determinado tipo de pessoa, que independente de sua profissão ou atividade, gosta mesmo é de explicar o mundo e seus fenômenos, e se torna mesmo um chato.
Há pencas de astrólgos " pendurados" nas estrelas para explicarem ou justificarem x,y ou z.
Quando estou pertinho de um deles,( obssessivos, vc me entende)sempre vou mudando de assunto, pois há inúmeras e infinitas formas de apreensão da realidade, seja ela o que for.
Astrologia é UM dos caminhos, só isso.
Uma beijoca de venus em Peixes,
Tereza

VaLdenir Benedetti disse...

Tereza, é isso mesmo, existem "citadores" em todas as áreas do saber, e em geral são os que menos sabem da coisa que citam em termos práticos (se houver).
Comecei falando de um filósofo para chegar até os astrólogos... mas deve existir até dentista citador, sei lá... o que conta é o individuo que quer mesmo é falar que sabe...