sábado, 14 de março de 2009

COMITÊS ÉTICOS - UMA PROPOSTA




ENQUANTO FIZERMOS ALGO DO MESMO JEITO,
OBTEREMOS O MESMO RESULTADO.


Sobre todos os modelos que se apresentam de Códigos de Ética e seus conseqüentes Comitês de Ética, ou Conselhos, ou Órgãos Reguladores ou fiscalizadores, de suas respectivas classes ou categorias profissionais... fora a palavra Ética, as outras são bem Mercurianas (Códigos, Comitês, Conselhos, Órgãos Reguladores, Classes, Categorias Profissionais, fiscalização), e atendem bem à exigência do "deus" que tem dominado e eventualmente corrompido a humanidade já há algum tempo, talvez milênios, o próprio Mercúrio.

Estou falando isso apenas para utilizar a linguagem comum chamada Astrologia. Quem a conhece um pouco sabe o que pode querer dizer "domínio de Mercúrio": o domínio da razão, o domínio do pensamento, do discurso, da "explicação".
É possível contestar essa prevalência da função mercuriana nos movimentos humanos descritos pela história?
É evidente que todas as outras funções planetárias estão presentes, pois há desejo, há afeto, há vontade consciente, existe sentimento, masculino, feminino, ação, luta, tudo isso, como exemplo, sendo representado por outros planetas.
Mas sobre todos eles paira a sombra da razão. De certa forma, experimenta-se um processo de se tentar dominar todas as funções descritas pelo pensamento, particularmente, pelo pensamento racional.
Estarei exagerando?

O altar principal dos lares modernos é um ícone mercuriano: a Teve. Em segundo lugar vêm os outros objetos próprios desse deus falador: computador conectado, telefone, radio e uma infinidade de "gadjets" mercurianíssimos.

Bem, voltando ao tema do código de ética.

Qualquer proposta que se faça de código de ética,seja de natureza Kantiana, seja de natureza Aristotélica, estará submetido ao domínio do deus vigente em nossa era, o deus da razão e da informação, e pelo que se observa nas reações e movimentos humanos --dentro da força desse domínio-- dos "scripts" (como pequenos programas de computador) que são a sistemática funcional mais pertinente com a força mercuriana, ou seja: a repetição mecânica de scripts a partir da resposta automática a estímulos mentais.

E assim será por todo sempre.
Será?

Então, qualquer entidade criada com o sentido de estabelecer códigos e regras, estará sendo coerente com o próprio princípio de mercúrio, que adora justamente códigos e regras, e estará portanto, a entidade, endossando e subsidiando a manutenção do mesmo sistema, e dentro dele, todas as mazelas se repetindo, como falta de ética, ganância, corrupção, mal caratismo e outras coisas do gênero, distorções anuladoras da expressão maior possível dos símbolos todos, e lideradas estranhamente por mercúrio, e acho que esse é o significado da posse do "fogo dos Deuses", que Prometeu roubou, mas parece que guarda a formula até hoje...
A mente controla o "fogo divino". Isso pode fazer sentido?
Ou, será a melhor alternativa?Especialmente quando o controle desse "fogo" é feito através da mecanização do homem pelo mecanismo de só lhe permitir experimentar variações de scripts já determinados.

Qualquer entidade feita sob o domínio e utilizando o mesmo padrão eternamente repetido de administração, função e principalmente, Proposta, conduzira a tribo para o mesmo lugar que todas as entidades controladoras já existentes conduziram.
Precisa explicar isso?
Refiro-me a conselhos de classe ou órgãos reguladores, com exceção para medicina e engenharia, que oferecem risco considerável à vida da pessoa, e, pela imaturidade humana e a necessidade de repetição inconsciente de scripts, precisam ser vigiados, infelizmente.
Mas até isso pode mudar
Alguém tem que começar.

A Astrologia, por uma graça do destino e por sua própria natureza e essência, conseguiu escapar até hoje de órgãos reguladores e conselhos de classe, e não foi por falta de esforço de pessoas interessadas em fazer isso, e que acreditam na necessidade de controle, evidentemente associadas com outras pessoas interessadas em serem controladas por não poderem acreditar, dentro de seu universo, que uma pessoa possa ser responsável por seus atos.
Talvez isso faça parte do modelo educacional familiar do ocidente, criar esse tipo de dependência passiva a um poder paterno, e eventualmente produzir a reação revolucionaria hormonal adolescente, que resulta, se o passivo tomar o poder, em um novo modelo de tirania, porque afinal, ele saberá o que é "certo para o povo".
Estou sendo irônico nesse parágrafo.

Prosseguindo mercurianamente o raciocínio: qualquer entidade reguladora de uma classe criada dentro desse modelo se tornará limitante, mesmo que seja aparentemente necessário "orientar" as ovelhas desgarradas do rebanho... (argh...).

Puxa, mas parece tão necessário isso... ainda mais quando vemos cidadãos que praticam nossa mesma profissão, fazendo publicamente papéis que nos envergonham e criam uma imagem de demência, vulgaridade, falta de profissionalismo ou coisas do gênero. Então dá vontade de punir o sujeitinho, mostrar pra ele que está sendo antiético e mostrando que ser astrólogo não garante ser bonzinho, nem honesto, nem leal, nem digno e nem ao menos coerente!
Bem, a palavra "punir" aqui foi infeliz. Também não tem sentido pessoas que fazem uma caminhada espiritual pensarem em algo tão baixo como punição aos que convencionamos achar Errados, que nos incomodam por não serem os Certos que a gente estabeleceu.
(E também estou tentando ser irônico nesse parágrafo.)
Mas, refletindo agora sobre a coerência dessas palavras, sobre a necessidade de orientar alguns que amalucaram em nossa profissão, eu me lembrei da historia da convenção dos ratos, quando eles decidem resolver seu maior problema pendurando um sino no pescoço do gato, e assim saberiam quando ele estava chegando...
Se alguém não sabe o final da historia, basta dizer que nenhum rato topou...
Estou falando isso porque, tem atitudes e pessoas que é muito fácil ver que é necessário dar limites, já que os pais não deram, mas essas pessoas costumam construir sua própria insignificância com tanta eficiência e ardor que sucumbem no próprio fogo muito rapidamente e correm de volta para sua toca.
De vez em quando aparecem, mordiscam alguns calcanhares e voltam pra toca, porque se invalidam a cada palavra ou gesto, de tal modo que um conselho regulador de sua falta de ética ou vergonha na cara seria algo "over", gasto de energia, tempo e dinheiro totalmente desnecessários.
Até porque, esse tipo de pessoa mínima não aceitaria jamais uma orientação de um conselho que não fosse punitivo e policialesco, porque é a única linguagem que os assusta, porque geralmente assim eles são, e aposto que quem aqui estuda o comportamento humano mecanizado e seus padrões; antropólogos, psicólogos, astrólogos, podem confirmar o que estou dizendo.
Existe outro tipo que merece o sino, e é formado por cidadãos mais ilustres na comunidade, seja na astrológica, seja na "mídia", ou na sociedade em geral. Pessoas que criaram um personagem tal que adquiriu prestigio e poder tamanho que pode causar um certo estrago no contexto da astrologia, na imagem dos profissionais, na atividade toda enfim.
Serão esses chamados para "examinar e orientar" a má conduta dos rebeldes ou dos imbecis mencionados, ou serão eles chamados ao exame e orientação por um conselho composto de "notáveis" mais notáveis que eles mesmos?
Quem vai pendurar o sino no gato?
Quem conhece alguma parte de mim sabe que não fico detonando uma coisa sem apresentar algo razoável no lugar.
E não estou detonando nada, apenas apresentando uma visão coerente a respeito de um modelo de controle que, se não é totalmente falido, atende apenas ao interesse de perenização e até de incrementação de um padrão velho e mofado.

Bem, minha idéia é não fazer nada.




Não fazer nada, repito!

Nenhum código de ética, código moral, regras de comportamento e principalmente, nenhum órgão controlador do código, da regra e da orientação ou dos castigos.

Absolutamente nada do que já foi feito até agora por todas as entidades, porque, se assim o fizermos, obteremos o mesmo resultado!

E qualquer um com um pingo de lucidez e ausência de medo de mudança, pode perceber que repetir esse modelo é escolher algo retrógrado, negar o progresso que só pode acontecer a partir de mudanças constantes, senão a própria palavra progresso se torna tola.

Sem um movimento firme de acordarmos e nos tornarmos conscientes de nossa responsabilidade sobre absolutamente tudo que é vivo, enquanto formos também vivos.
Sem um gesto objetivo no sentido de assumirmos que não são mais nossos pais ou governantes que vão varrer o chão de nossa casa, recolher a cueca do chão e preparar o pão e o sustento, vamos continuar dependendo daqueles que escolhermos democraticamente, ou que por seus próprios méritos se colocar no lugar de nos comandar, orientar, policiar e corrigir segundo sua natureza pessoal, suas projeções, suas vicissitudes, suas idiossincrasias, etc....

Não somos responsáveis nem pela nossa loucura, aliás, quem de nós acredita que possa estar sendo antiético ou maluco e precisando de orientação?
Alguém pode assumir isso publicamente? Ou será que Todos Estamos Certos e Fazendo o Melhor que Podemos?

Por isso tudo estou dizendo que, em princípio e até que venha um argumento inteligente em contrário, não sou nada favorável a um conselho ou "grupo de orientação" (nomes amenizadores não vão descaracterizar a função da coisa em si).

Não estou fazendo o discurso da rebeldia pueril, tipo "si hay gobierno soy contra", e nem ao menos estou tentando desacreditar os órgãos fiscalizadores e reguladores já existentes em outras classes.

Acontece que eles estão voltados à manutenção do mundo como sempre foi, simplesmente e sem questionar.
Eu estou olhando para frente, para as infinitas possibilidades que existem quando se desatrela o cavalo da carroça que o retém no eterno estábulo do passado.

É assustador agir apenas pela consciência de si e do entorno, sem ter ninguém controlando a gente não é? Mas se não começarmos, continuaremos repetindo o velho script e obtendo o velho resultado novamente, alimentando-o eternamente.
Será isso o certo?
Ok, que seja, mas então, que não se fale mais em crescimento e transformação, que essas palavras só podem representar atuações repetitivas e caricatas e mais nada.
Espero estar sendo contundente na apresentação de minhas idéias.

De qualquer maneira podemos aproveitar a oportunidade e simplesmente experimentarmos de um novo jeito.
Esquecermos qualquer entidade com função controladora, e inclusive códigos e regras, simplesmente, e praticarmos consciência.
E quando virmos alguém fazendo algo que não gostamos, trabalharmos com nossa responsabilidade nisso, sabermos o que temos feito para permitir que baratas e vermes fertilizem em nosso quintal e resolvermos nossa parte dessa coisa, porque ninguém vai convencer uma barata a deixar de ser barata.

Existe algo que pode ser feito:
Um fórum permanente de debates, inclusive assumindo-se honestamente as criticas e a narrativa dos fatos que possam perturbar, envenenar a trigo, ou prejudicar indivíduos e sujeita-los à injustiças e atos sórdidos que podem ocorrer.
E quando alguém for apontado e denominado dentro desse fórum (virtual, de preferência) por alguma inadequação cometida, que o cidadão seja convidado a se expor e assumir seu ato, se defender, se explicar, não como em um tribunal, mas como um grupo de pessoas que estão no mesmo barco, feliz ou infelizmente.

Coisas que um conselho de ética cuidaria verticalmente e a seu modo, provavelmente.

Mas não podemos escolher criar um órgão de controle ou orientação motivado pela minoria que julgamos e que mostra ser equivocada, isso só justifica e reforça essa minoria de malucos antiéticos ou o que for, endossa, e nos obriga a ter despesas, gastar energia e pagar pedágio pra eles, conferindo-lhes um poder muito grande por serem ovelhas negras no rebanho. Isso não creio que seja certo.

Bem, se simplesmente mantermos o dialogo franco e transparente sobre o tema, manteremos a mente alerta e a atenção desperta, e isso é mais que o suficiente, porque, além de cuidarmos, assumirmos e corrigirmos a nós mesmos, ao outro só podemos dar o exemplo e nada mais, não nos compete e, pior, não adianta julga-lo e impor alguma correção a ele.

Só se for para satisfazer nossa raiva, nossa magoa, nosso ego ferido e traído... Ou então, para obter um tipo de poder pobre, que de outra forma não teriamos por competência, o poder conhecido como "poder do porteiro do prédio".
(O pronome no plural nessa frase foi totalmente proposital).
Essa é minha posição, e convido aos que leram até aqui, que o texto é longo de propósito para triar os leitores, que me convençam do contrario, me convençam da validade de tudo que estou descartando como inutilidade e atrazo de vida para nós da astrologia, que me convençam com bons argumentos, pois assim, eu vou poder continuar na zona de conforto e todos vão me achar legal e bonzinho.

(estou sendo irônico ai no finalzinho....)

(tenho feito esses avisos eletrônicos de ironia porque percebi que algumas pessoas precisam ser avisadas que é isso, mas provavelmente essas não estão lendo esse parágrafo aqui.)

Grato, imensamente.

Valdenir

PS: a primeira coisa que um vírus (o mal) anula dentro do computador é o Antivírus.
Isso é o que acontece dentro do padrão do qual estou propondo que pulemos fora.

0 comentários: