17 maio 09
Essa semana que passou, durante o movimento retrógrado de Mercúrio, e antes de começar esse debate sobre linguagem, dei duas aulas sobre esse planeta no Skype, para dois grupos diferentes de alunas, inteligentes e questionadoras.
Coloquei que Mercúrio era o planeta que representava a fonte maior da realidade possível representada pelo mapa astrológico, por significar o Agente criador da realidade, partindo, no caso, do princípio que toda realidade apreensível (ou mesmo a suposta realidade mágica, ou, inclusive o que denominamos inconsciente) só existe a partir de sua descrição.
Propus que a Casa que contém Mercúrio representa a área de experiência, ou o campo de projeção psíquica (como prefiro denominas as casas) onde está a fonte, a substância, o procedimento e até o formato como eu crio minha realidade, pois toda realidade possível é descrita e descritível, e afora isso nada mais existe.
Expliquei que os outros planetas envolvidos em configuração com Mercúrio, compõem o quadro elaborado daquilo que o indivíduo chama de realidade. E nesse retrato estão contidas todas as suas angústias, todas as suas dores, todos os seus amores e sua felicidade.
O dispositor de Mercúrio determina limites e possibilidades da ação desse planeta, orienta-o para determinada direção. Distorce, promove, anula, contamina sua força e qualidade, tanto quando os aspectos participam ativamente desse processo.
As casas à sua disposição, bem como os planetas que elas contenham, oferecem recursos, subsídios para a plena expressão desse Mercúrio, ou melhor, da realidade gerada a partir Dele.
Nesse estudo de Gramática Astrológica, Ensinei que Mercúrio, como Indicador Universal da palavra, do pensamento, da linguagem enfim, era responsável e a chave para a compreensão de todos os nossos problemas, e a porta de saída – ou de ingresso – para outra realidade, ou para um mundo “idealmente” melhor.
Claro que “choveram” perguntas, porque parecia que eu estava invalidando o significado dos outros planetas e pontos do horóscopo.
Imagina alguém que se orgulha de sua quadratura Sol Saturno e atribui a ela todos os seus problemas, ou alguém que tem Venus em quadratura com Plutão, e coloca ali a responsabilidade sobre seus dramas afetivos, enfim, imagine ouvir que, de repente a chave para a compreensão e resolução de seu drama existencial não está nessas configurações e sim, no “coitadinho” do Mercúrio, para quem nem se dá tanta atenção assim...
A chave está, basicamente, na descrição, que é quem Cria e Sustenta o problema.
Da até uma sensação de vazio, não é?
Então surge esse debate na lista da CNA a respeito de Astrologia ser uma Linguagem ou outra coisa. E dou meu parecer, por sempre ter achado no passado que Astrologia era uma linguagem, e por ter mudado de idéia, tanto pelo meu desconhecimento acadêmico dos significados mais profundos da palavra Linguagem, como também por concluir que Astrologia é apenas Astrologia em si mesma, etc.
Mas com a mensagem profundamente esclarecedora do Dr. Markus, lingüista e professor da matéria, percebi que até mesmo a Astrologia está “contida” na Linguagem, se é que entendi direito (espero que sim).
O poder conceitual de Mercúrio no mapa cresceu, portanto.
No Orkut, em debate sobre o mesmo tema, a Dra. Maria Tereza, também lingüista, sintetizou em linguagem “orkutiana” o que Dr. Markus escreveu por extenso, e vou copiar aqui um trechinho de sua síntese:
“(...) Eu acho q em vez de pensar em conceitos -- o q no momento me dá uma enorrmee preguiça --, a gente pode só olhar em volta: existe alguma coisa neste mundinho q possa existir sem ser enunciado? Existe algo q esteja fora da linguagem? E não estou falando em linguagem verbal -- as palavras e como elas são ditas -- mas os seus tantos níveis: o não-verbal q vai desde a direção do olhar, até onde coloco minhas mãos. Suspirar? É linguagem, comunica algo p/ meu interlocutor. Chorar tb. E por aí, se vai.
Se alguém conseguir dizer aqui, descrever algo q exista por si só, q esteja FORA da linguagem -- verbal e não-verbal -- q apresente as armas (...). “
Vejam, não estou levianamente tirando o poder dos outros planetas e dando para mercúrio, estou apenas dando a distinção devida a ele em função da condição existencial do Ser Humano nesse planeta.
Trabalho com o conceito de Significador ou Indicador Universal de uma questão – conforme qualquer um de meus alunos pode explicar para quem perguntar – e não com a função Acidental da comunicação do Indivíduo, a qual será compreendida a partir do estudo da Casa III e seus indicadores acidentais, condicionais, etc.
Estamos aqui trabalhando com a idéia do indivíduo se inserindo em um universo, seja criação sua ou não, mas além de seu talento e potencial individual (representados por sua Questão III).
O Indicador Universal de uma questão do horóscopo é aquilo que faz com que, ao ver uma mesa, “eu” e o “outro” concordemos que aquilo é uma mesa – que cada um de nós supostamente está criando com sua descrição – ou seja, aquilo que alguns chamam de maya, ou ainda aquilo que os quânticos “new age” chamam realidade quântica, como no filme “Quem somos nós”, enfim, Mercúrio é o indicador Universal da Linguagem, do Pensamento que permite que nós vejamos a mesma coisa quando juntos. O conceito da coisa (mesa por exemplo) é quem praticamente gera a imagem e o significado da coisa dentro de cada um de nós, e a conseqüente concordância e que “aquilo” é uma mesa, por exemplo.
A Dra. Maria Tereza também coloca brilhantemente algo que é um argumento fortíssimo a favor do significado de Mercúrio como núcleo central de todas as questões existenciais propostas pelo horóscopo (ou pelo dono do horóscopo)
"Ah, q tolice, uma árvore existe, não precisa ser falada ou apontada não - verbalmente p/ q exista" -- pode alguém dizer por aí. O negócio é q mesmo uma árvore, uma floresta, inteira, o céu etc., só existem p/ nós, pobres mortais, qdo olhamos e nomeamos: árvore, floresta, céu etc. “.
Basta ver qual é o altar que a maioria das pessoas tem em casa, a TV, o Radio, o Computador, aos quais diariamente se presta tributo.
Basta se ver o valor e a importância que é dada à informação, ao ponto de se chamar a “mídia”, os produtores e criadores (e na maioria das vezes deturpadores) de informação de “o quarto poder”.
E mesmo com o coração apertado de quem ainda está programado e condicionado para achar que alguma coisa precisa ser mais importante que outra, como alguns planetas ou alguns sentimentos, por exemplo, a gente constata que não é bem assim... O conceito é a medidada importância de algo, ou seja, a importância não existe em si mesma...
E como conclui a nossa amiga no tópico do Orkut:
“... então, enquanto a Astrologia for realizada/praticada por pobres mortais, teremos q lidar com essa maravilha e ao mesmo tempo, essa limitação, q é a linguagem.”
Minha conclusão final sobre o tema (mas não definitiva), se bem que ninguém perguntou, é que:
A LINGUAGEM CONTÉM A ASTROLOGIA.
E, como proposta de trabalho, continuo a fazer exatamente (com upgrades a qq dia e hora) aquilo que sempre fiz e convidei os clientes e alunos a fazer: desconstruir seus conceitos todo dia, pelo menos um por dia, usar a linguagem para superar o que a própria linguagem impõe.
Grato
VaL